tag:blogger.com,1999:blog-78101989272774212052023-11-15T10:48:17.453-03:00Blog do JaélioAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-46271744552502696212013-09-25T18:01:00.003-03:002013-09-25T18:10:03.497-03:00O STF lavou nossa alma tergiversanteBrasília está em festa. As últimas duas semanas pareceram dezembro, tantos foram os jantares, os churrascos, os almoços de adesão e os <i>happy-hours</i>, essa expressão que evito usar na frente do Aldo Rabelo. Há muito a celebrar.<br />
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Primeiro, o êxito do leilão de rodovias. O desinteresse pela BR-262 confirmou o acerto da estratégia: impor condições duras e confusas, testando assim o compromisso do setor privado com o país. Reprovados, como eu previ. Eu e a Dilma.<br />
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Talvez por inocência, o César Borges, a Gleisi e mais alguns ficaram amuados. Depois, de cabeça fria, compreenderam: se formos esperar pelo setor privado, nunca haverá infraestrutura nesse país. Felizmente podemos contar com o DNIT, a VALEC, o balanço do BNDES e o apoio decisivo do Tesouro. Chega de experimentalismo.<br />
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No leilão do pré-sal, deu a lógica: as companhias privadas correram ao perceber que o negócio era a preço justo e visava o interesse nacional. Ficamos com Petrobrás e essas estatais asiáticas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Estamos muito bem.<br />
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Já a decisão do STF sobre o chamado “mensalão” reafirmou nossa índole criteriosa na hora de condenar quem quer que seja – mais ainda pessoas que tanto fizeram pelo país. Ao lamentar a condenação de Genoíno, o ministro Barroso demostrou que é um homem independente. Inclusive da lei, se preciso.<br />
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O STF lavou nossa alma tergiversante. Restituiu a devida lentidão ao processo judicial, permitindo assim que o Tempo – o maior conselheiro – suavize as verdades e assegure a harmonia da Pátria.<br />
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Para completar, estive em Nova York acompanhando Dilma em sua histórica passagem pela ONU. Que discurso! A presidenta deu desfecho glorioso a um plano traçado lá atrás, naquela sexta-feira em que nos reunimos – ela, Lula, Santana, Rui Falcão, Franklin e eu – para decidir o que fazer com o bisbilhoteiro do Obama.<br />
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Lula estava pelas tamancas, em ótima forma. Depois de tantos anos de convívio, ainda me surpreendo com a competência de nossa gente. Não faltaram teses e argumentos perspicazes, apesar de nenhum de nós entender patavina de diplomacia. Dispensamos a turma do Itamaraty e confiamos, digamos assim, o pênalti ao presidente do clube.<br />
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Se estivesse naquela reunião, esse novo ministro que substituiu o Patriota ia criar confusão. Invocaria os meses de preparação. Lembraria que esta seria a única recepção de Estado da Casa Branca a um líder estrangeiro em 2013, e a primeira a um brasileiro em quase vinte anos. Entre outros argumentos sofismáticos, especialidade desse pessoal.<br />
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Demos um basta no formalismo rococó da Casa de Rio Branco. É o que eu digo: na hora de fazer diplomacia, mais valem a experiência político-eleitoral e o treino sindical.<br />
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Na próxima vez que a Dilma me pedir sugestão de onde cortar gastos, vou sugerir fechar esse Instituto Rio Branco. Seu tempo passou.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-45207450104183472332013-09-11T16:00:00.004-03:002013-09-11T16:18:23.007-03:00 Dilma dá escovada com dentifrício em ObamaQue dias espetaculares! Não me surpreende que tenha se formado essa imensa rede de blogs e jornais dedicados a exaltar o nosso governo. As virtudes são muitas e variadas.<br />
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Imaginem o tenso dia-a-dia na <i>Veja</i>, no <i>Estadão </i>e no <i>Globo</i>, entre outros ainda mais irrelevantes. Aquele mar de editores e colunistas atrás de qualquer farelo que renda uma matéria negativa. E ainda por cima sem verbas federais!<br />
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Giro rápido:<br />
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<u style="font-style: italic;">O povo quer a importação de médicos</u>. Um golaço do João Santana. O mais incrível não é a aprovação de 73% para o programa. Genial mesmo é 49% acharem que ele vai resolver os problemas da saúde. Com essa nem o João contava.<br />
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Mesmo se o “Mais Médico” não curar o coração de nenhum paciente, já chegou ao coração mais importante: o do eleitor.<br />
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Se eu fosse o Santana, já riscava saúde da lista de temas para 2014. E engataria mais duas importações: “Mais Atletas Olímpicos” e “Mais PMs Honestos”. Estamos inovando na gestão da opinião pública.<br />
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<i><u>-- 75% discordam que a inflação esteja sob controle</u></i>. Pode parecer má notícia, mas reparem: 15% do povo ainda põe fé no BC e na Fazenda. Dá uns 30 milhões de pessoas. É uma “margem de credulidade” (os economistas devem ter um nome para isso) para o caso da economia fraquejar. A Argentina, por exemplo, não tem essa margem - já está mais avançada no modelo.<br />
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<i><u>-- Dilma dispara e o povo quer o PT</u></i>. Olha o Santana de novo. Não tem economia parada, não tem dólar na lua que abale o homem. Não sei como ele faz isso: 43% acham que o país melhorou depois das manifestações, e 64% acham que o governo atendeu pelo menos parte das demandas. Assombroso!<br />
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Aécio, Marina e Campos: desistam já. Vocês não têm fiapo de chance. Digam aos bancos e às empreiteiras que usem os milhões da campanha em benefício do povo.<br />
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<i><u>-- Demos um “guenta” no Obama</u></i>. Eu tinha escrito “impusemos uma humilhação”, mas troquei pela simpática expressão do Lula.<br />
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Confesso aqui meu enjôo inicial com esse episódio, que me lembrou muito do Francenildo. Espionagem só é problema quando vem a público: não muda nada, mas fere o orgulho do espionado, que precisa se mostrar amuado enquanto espera o assunto sair dos jornais. Uma maçada.<br />
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Não com a Dilma! Alertada pelo Santana da oportunidade, a presidenta subiu nas tamancas e deu uma escovada histórica no Barack. Exigiu desculpas e ameaçou cancelar a viagem aos EUA.<br />
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Quero revelar aqui: a rede nacional que o Obama marcou para ontem era para pedir desculpas à Dilma. A emergência síria mudou tudo, paciência. Mas ele mandou uma carta (protegida por sigilo) digna de menino explicando pra mãe uma vidraça quebrada.<br />
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Sem contar que Dilma mostrou fino comando do vernáculo ao simular – simular! – que <a href="http://www2.planalto.gov.br/imprensa/entrevistas/entrevista-coletiva-concedida-pela-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-em-sao-petersburgo">não sabia que dentifrício é o mesmo que pasta de dente</a>. Enquanto o PIG debochava, a presidenta seguia um script que eu, modéstia à favas, escrevi. O elemento surpresa mudou o eixo da conversa e assegurou mais uma conquista da nossa política externa.<br />
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<i><u>84% não confiam no Congresso</u></i>. Aqui, estamos em perfeita sintonia com o povo. A presidenta não pode dizer de público, claro, mas sei bem como ela se aborrece esse aspecto da democracia. O dado motivou discreta comemoração no quarto andar.<br />
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Levei meia hora para rabiscar a lista acima. Há muito, muito mais. De fato, não surpreende o sucesso dos blogs governistas.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-4444297385486821312013-09-03T18:31:00.001-03:002013-09-03T18:37:12.540-03:00Sob o Acicate das Crenças Liberalóides<br />
Tomei o título da coluna do brilhante estudo literário que o Belluzzo publicou no Valor de hoje.<br />
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Espero que meus amigos economistas não se ofendam com o que vou dizer: quanto mais os leio, mais me convenço de que os únicos lúcidos são os “ex”. Sim: os ex-economistas são os únicos que prestam.<br />
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Por isso gostei de ver dois dos nossos melhores “ex” desancarem os colegas da ativa no Valor de hoje. Refiro-me, é claro, aos insuperáveis Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-economistas de escol. Sabedoria e sensatez em dose dupla.<br />
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Os dois tratam com sóbria desconfiança (e algum escárnio) tudo o que desconhecem. Entendo porque também sou assim. Exemplo: desdenho da física quântica e acho a colonoscopia um risível equívoco.<br />
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Já o Belluzzo desdenha das projeções: “Como de hábito, naufragaram as previsões desatadas nas últimas semanas a respeito do crescimento do PIB.”<br />
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Certíssimo! Naufragam tanto que me pergunto por que ainda são feitas. Bem faz o Arno, lá no Tesouro: um dia de cada vez, sem planejamentos. O socialismo, em seu estágio mais avançado, dispensa previsões. Chegaremos lá.<br />
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Curti, como sempre, o ensaio do Belluzzo, nosso Salman Rushdie: erudito, desfrutável e docemente incompreensível.<br />
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O economista Robert Lucas, diz ele, está sentado “na cumeeira da insensibilidade econômica”, de onde se dedica a “exercícios de escapismo do mundo dos mortais”, estando para isso “paramentado com as vestes das expectativas racionais”. Uau!<br />
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O Banco Central da Suécia foi mesmo imprudente ao “perpetrar a entronização dos sábios da ciência triste no panteão dos benfeitores da humanidade”. Porreta!<br />
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Surge mais adiante o enigmático “acicate das crenças liberalóides”. No mesmo parágrafo, há um meio mundo “entoando o canto das sereias dos mercados eficientes, hipótese destilada nas retortas das teorias das expectativas racionais”. Destilada nas retortas!<br />
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Já o que o Delfim revela em sua coluna é um caso de polícia. Não sei se vocês já sabiam:<br />
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<i>(alguns economistas)... inventaram "a posteriori" a teoria que os mercados financeiros eram "perfeitos", que deixados a si mesmos eram "autorreguláveis" e tinham uma "moralidade ínsita". Tratava-se de "pseudo ciência" contra toda a evidência histórica secularmente acumulada: o sistema financeiro sem regulação retorna, sempre, ao local do crime.</i><br />
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Não entendi essa volta ao local do crime, mas claramente tem malfeito nessa história. Quem são esses criminosos a quem Delfim estende a proteção do anonimato? Que teoria é essa, onde isso está escrito? Fiquei um pouco alarmado, mas confio no julgamento do professor.<br />
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A elegância dos textos e o descaso pela ciência econômica revelam longo processo de desintoxicação. Meu palpite? Delfim e Belluzzo leram, cada um, seu último livro de economia há uns trinta anos. De lá para cá, só orelhas. É isso que os conserva lúcidos e pertinentes!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-68963078952442596652013-08-31T10:33:00.001-03:002013-09-01T22:05:59.933-03:00Um PIB pra chamar de seuO sucesso do Mantega no comando da economia é inegável. Um maestro que nunca deixou de ser um homem do partido.<br />
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Quando ele sente que precisamos crescer menos, puxa lá suas alavancas e zupt! o país para. Quando vê que é hora de acelerar, vapt! com dois empréstimos do BNDES, tres desonerações e um pito nos banqueiros, olha lá o país galopando como um corcel.<br />
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<a name='more'></a><br />
Quantos líderes têm semelhante controle das rédeas da economia? A China faz escola. No Brasil, só me ocorre o Delfim do tempo em que queríamos vê-lo morto (no sentido figurado, claro). Delfim e Guido, dois monstros.<br />
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Mas o Guido às vezes erra. Disse isso a ele ontem logo depois da coletiva do PIB. Foi traído por sua modéstia. Não podia.<br />
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Um PIB daquele quilate, num momento em que a renca neoliberal lava a égua falando mal de tudo e de todos? Era pra ele soltar os cachorros. Eu teria citado nominalmente: Toma, Schwartsman! Aguenta, Gustavo Franco! Cadê você, Mailson? Rogerio Werneck, Reinaldo Azevedo, o menino daquele banco suíço e seus colegas da banca internacional, os desavisados do Financial Times, toda a raça do Estadão, da Veja, da PUC-Rio. E muitos outros.<br />
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Nessas horas nao basta cumprir o script do João Santana (maior crescimento DO MUNDO no trimestre, fruto das politicas DO GOVERNO, crescendo com QUALIDADE, etc). Precisa ir além, bater duro. Isso é uma guerra, senhores!<br />
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Daqui pra frente o PIB é só alegria. Agora, é só dar um tapa nessa inflaçãozinha e esperar 2014. Acho que vou comprar uma casinha aqui em Brasília.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-67154116605335198942013-08-28T17:52:00.002-03:002013-08-28T18:25:37.490-03:00A história secreta de mais um triunfo da nossa política externaSou do tempo em que a única coisa que pendia <i>hacia la izquierda</i> na Bolívia eram os aviões do Lloyd Aereo Boliviano. Aquilo era um país atrasado tocado por brancos corruptos exploradores de indígenas.<br />
<a name='more'></a><br />
No começo do século passado, demos a eles dois milhões de libras (e um pedacinho do Mato Grosso) em troca do Acre. Depois, passamos cem anos sem reparar na Bolívia.<br />
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Até Evo chegar.<br />
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Desde que o líder cocaleiro se tornou presidente em 2005, a Bolívia desceu de 112º para 130º maior PIB per capita no mundo. Um êxito! Queda minúscula se vocês considerarem a herança maldita dos brancos.<br />
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É normal sacrificar-se um pouco de PIB na marcha ao socialismo. “Quando se cortam árvores, algumas lascas voam”, dizia Stalin. No final, tudo valerá a pena.<br />
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Evo pôs em marcha um corajoso programa de estatização que já devolveu ao povo boliviano o petróleo, o gás, o estanho, a metalurgia e a produção de cimento. Além dos serviços de água, luz e telefone.<br />
<br />
Com tudo estatizado, a prosperidade é questão de tempo, mercê da vasta capacidade de investimento e gestão do Estado Plurinacional da Bolívia.<br />
<br />
Naturalmente, esses notáveis avanços deram ao gigante andino espaço prioritário no Itamaraty.<br />
<br />
O senador não era um assunto fácil. Havia dúvidas dignas daquelas equipes da ONU que buscam armas nucleares no Irã. Felizmente, já tínhamos um núcleo de assuntos bolivianos bem estruturado.<br />
<br />
Estaria o governo de Evo perseguindo adversários? Difícil crer. Mas, pelas dúvidas, convinha conceder o asilo.<br />
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Seria Roger Pinto, por outro lado, apenas um empresário sonegador envolvido na chacina de uns agricultores? Provável. Nesse caso, melhor devolvê-lo a Evo.<br />
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Fria e profissional, a Casa de Rio Branco não se açodou, nem se comoveu com o fato do homem estar há mais de ano trancado na sala de telex da embaixada em La Paz. Paciente, o Itamaraty reuniu vasta inteligência em um trabalho minucioso e secreto. Deu até a impressão de descuido.<br />
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Tive acesso ao estarrecedor relatório final. O caso não é uma coisa nem outra, pelo contrário. Evo tem e não tem razão. Roger Pinto, idem. Ahmadinejad é citado, mas não tem nada a ver com a história. Muitas pessoas que você imagina que estariam envolvidas não são sequer mencionadas. Até a compra do Acre faz parte do enredo.<br />
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Mais não posso revelar. Permitam-me, porém, assegurar: o episódio pode até parecer uma lamentável perda de energia em torno de um país irrelevante, e que teria cobrado, inutilmente, a cabeça do chanceler Patriota.<br />
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Nada disso! Tudo seguiu uma lógica impecável e um planejamento escrupuloso. Levou exatamente aos resultados almejados.<br />
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O grande público pode não ter entendido direito, mas a vinda do senador boliviano para o Brasil foi mais um grande momento da diplomacia brasileira.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-64574712658192706362013-08-23T09:11:00.001-03:002013-08-23T09:13:51.690-03:00Esse Schwartsman é um frustradoEis um mito antigo: o de que a oposição no Brasil é desorganizada.<br />
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<div>
Equivale a dizer: “Vocês só ficam aí porque ninguém se dá ao trabalho de apeá-los.” Grossa tolice. O jogo é duro e a oposição é fortíssima, além de mal intencionada. É preciso, porém, saber onde encontrá-la.<br />
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<a name='more'></a></div>
<div>
Não procurem no Congresso, nos partidos ditos de oposição. Ali, reina a harmonia. Neste momento, situação e “oposição” dão-se os braços em nome de um projeto da maior relevância: aumentar barbaramente o gasto público obrigatório com educação e saúde.<br />
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Se tudo der certo, a medida ainda terá o condão de inviabilizar, por asfixia, esse modelo fiscal iníquo que hoje prioriza o pagamento de juros. Em breve, não haverá dinheiro nem para juros, nem para dívida. Graças ao trabalho sério e republicano do governo e da “oposição”, chegaremos enfim ao calote da dívida, aspiração histórica.<br />
<br />
(Um amigo me disse que o dinheiro da nossa poupança também é dívida: se cancelar um, some o outro. Não entendi direito, vou checar.)<br />
<br />
A “oposição” no Congresso também está trabalhando conosco em prol do “orçamento impositivo”, um seguro contra o sumiço do dinheiro das emendas dos senhores deputados. Vai devolver “dignidade” ao Congresso, como eles dizem.<br />
<br />
Fica assim demonstrado que, nas ações do dia a dia, não há oposição nos partidos: trabalham juntos pelo país. E no plano das ideias?<br />
<br />
Aqui tampouco vocês encontrarão oposição nos partidos. Vejam o Serra. Construiu essa imagem de criterioso no gasto público (uma coisa ranzinza – minha opinião). Nas ideias, porém, é igual a qualquer quadro histórico do PT. Mesmo diante da evidência das últimas décadas, mantém um otimismo refrescante em relação ao papel do Estado. Tem muito mérito.<br />
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A oposição não está nos partidos. Ela vive, isso sim, nas colunas dos jornais. Feroz e perigosa.<br />
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Outro dia, numa pausa em meio a assuntos mais importantes, a presidenta me perguntou sobre esse Alexandre Schwartsman, que vive para descer a lenha no governo pelos jornais. “Devo me ocupar disso?”. Respondi com a verdade: “É um frustrado a soldo dos bancos”. A presidenta já cuida de muita coisa.<br />
<br />
Da última vez que olhei o <a href="http://maovisivel.blogspot.com.br/">blog desse rapaz</a>, ele andava fuçando dados de produção acadêmica de economistas brasileiros. Descobriu que alguns economistas – que ele chama de “heterodoxos e quermesseiros” – produzem pouco e quase não são citados por outros pesquisadores.<br />
<br />
Os integrantes de outro grupo, que ele chama de “decentes”, produzem mais e são mais citados por seus pares.<br />
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Schwartsman quer com isso dizer o seguinte: os economistas que o partido valoriza não são respeitados na academia. É verdade, mas quem se importa? Só ele. Deve ser frustração.<br />
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O intrépido colunista denigre o Banco Central todos os dias. Apega-se a minúcias, como a persistência da inflação acima do centro da meta. Apraz-se em “denunciar” que, para o BC, a inflação resulta da conjuntura externa, ou da mudança estrutural da renda, e por isso não há muito a fazer. Agora deu de sugerir que o BC <a href="http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/2013/08/1329483-mea-culpa-mea-maxima-culpa.shtml">se retrate de seus "erros"</a>. Só falta chamar o BC de irresponsável!<br />
<br />
Qualquer pessoa intelectualmente honesta sabe que o BC faz o que pode para segurar a inflação. Subir juros qualquer neoliberal pode; agir com critério e responsabilidade, porém, exige bom senso, espírito público e alinhamento com os objetivos do governo, que são os mesmos do país.<br />
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Mas ao rapaz interessa atiçar o fogo oposicionista, em vez de reconhecer o valor do trabalho do BC, realizado sob a liderança firme da presidenta e com um olhar atento às necessidades políticas do país.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-9203499798562544292013-08-20T15:33:00.003-03:002013-08-20T15:34:10.287-03:00É hora de aprofundar o modelo<br />
Era para ser uma reunião tranquila, até animada. Assuntos estratégicos, vocês sabem (aprendi com o Mercadante a chamar tudo de “tático” ou “estratégico”, fica elegante).<br />
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Pois bem. Ocorre que nossa reação tática lá atrás, no calor dos protestos, não tinha funcionado bem, de sorte que, desta vez, estavam todos à flor da pele. Olho na porta. Ou simplesmente checando o blackberry.<br />
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Vale a pena relembrar aquela reunião tática do final de junho.<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
O João Santana, como de praxe, mostrou as palavras-chave que saem lá das pesquisas dele. No caso, “plebiscito”, “constituinte”, “pacto” e “investimento em mobilidade urbana”.<br />
<br />
A presidenta não é de aceitar as coisas cegamente. “Prefiro pactos, no plural. Talvez uns quatro ou cinco”. Achei perspicaz.<br />
<br />
O Palocci sugeriu incluir responsabilidade fiscal. “Não custa, né?”, disse a Dilma. “Custa nada, presidenta”, respondeu Palocci, sorrindo para o Arno.<br />
<br />
Se o pronunciamento em cadeia nacional não saiu bem, não foi por falta de alerta. Hoje em dia, não basta colocar as palavras na boca da presidenta, sem ordem ou contexto (“quanto menos entenderem melhor”, diria o Zé). O discurso precisa fazer um mínimo de sentido, senão nada se aproveita. Deu no que deu.<br />
<br />
Para piorar, o noticiário econômico anda um horror. Dólar lá em cima, economia parada, risco de inflação. A imprensa tradicional nem disfarça: a culpa agora é toda da política econômica! Coisas do jogo eleitoral, mas sempre tem gente fraca que se assusta.<br />
<br />
É esse o contexto da reunião estratégica da semana passada. A ideia era alinhar um plano de ação: responder aos protestos, preparar 2014.<br />
<br />
Cheguei um pouco atrasado e encontrei a Claudia Safatle esperando do lado de fora da sala.<br />
<br />
Quando entrei, o Beluzzo tinha acabado de dizer que “... economista adora uma pajelança”. Não entendi. Raramente entendo o Beluzzo, mas aprecio muito. É como os livros do Salman Rushdie: tem que respeitar. Esse Beluzzo é estudadíssimo.<br />
<br />
Na sequência, o Tombini disse que a falta de confiança preocupa. Não diga? Economista é assim: fala o óbvio sem oferecer solução.<br />
<br />
O Tombini aliás sempre ameaça reclamar do gasto público, mas fala tão enrolado que ninguém entende. É tímido, eu acho. Veja o que ele perpetrou:<br />
<br />
“O superávit primário estrutural deriva das trajetórias de superávit primário para 2013, conforme parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias 2013.”<br />
<br />
No silêncio que se seguiu, eu disse: “Não podemos chamar de estruturante, em vez de estrutural?” Pensei que daria uma ideia de movimento, aquelas coisas do Luciano. Tombini piscou várias vezes e continuou mudo. Dilma me olhou tensa.<br />
<br />
O Guido não larga mais aquela cara de menino contrariado. Disse que o fiscal está muito apertado, que não pode mais desonerar, que o caixa está no limite. Será que jogou a toalha? Estranhei. Na frente dos jornalistas, ele sorri e diz que a nova matriz econômica está a pleno vapor e a retomada é questão de tempo. Difícil de entender. O Guido anda indisposto com tudo e com todos.<br />
<br />
A Graça estava lá, como se aquilo fosse hora de falar em reajuste de gasolina. Quando o Arno levantou a mão e disse “Tenho uma ideia”, a presidenta percebeu o beco sem saída da situação.<br />
<br />
“Queridos, ideias concretas, please. Para recuperar a popularidade, fazer o país crescer, segurar o dólar, a inflação, a dívida pública... Fortalecer a Petrobras, aumentar o investimento, atrair o capital privado. Por onde começamos?"<br />
<br />
São esses momentos, se me permitem, que justificam minha presença ao lado da presidenta. Sem assombro ou vaidade, quebrei novamente o silêncio: “É hora de aprofundar o modelo, presidenta! Diálogo! Persuasão! Mostrar ao povo que estamos do seu lado!”.<br />
<br />
Não direi que a reação da mesa foi entusiasmada, mas pelo menos abri um caminho para encerrarmos a reunião. A própria Dilma emendou:<br />
<br />
“Jaélio tem razão. Estamos no caminho certo e o país está ótimo. Vejo duas falhas comprometendo minha gestão: falta mais diálogo com os empresarios e com os políticos.”<br />
<br />
Genial! Não mexe em nada. O momento é de recuperar conceitos, ampliar o diálogo e aprofundar o modelo. Rumo a 2014!<br />
<br />
Alguém mandou a Claudia entrar.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-69360232653556175192013-08-14T09:43:00.004-03:002013-09-01T22:06:31.835-03:00Diálogos portenhos, exemplo para o Brasil<br />
Um último post a respeito da viagem que fiz a Buenos Aires a pedido da presidenta.<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<b>McDonalds</b><br />
<br />
A rede McDonalds tem travado discreto diálogo com o governo argentino. Suas lojas portenhas escondem o quanto podem o Big Mac. O produto mais anunciado, campeão de vendas, é um certo "Angus". Dizem que é para ajudar a manter a inflação baixa (se for isso, é genial). Ou para que o país não saia mal no Big Mac Index, da revista <i>The Economist</i>.<br />
<br />
Encantador.<br />
<br />
<b>Telecom</b><br />
<br />
Soube de uma multinacional de telecomunicações não quer mais investir em um mercado que considera arriscado. Gostaria de remeter um bilhão de dólares à matriz. As autoridades propuseram o seguinte: enviam 300 milhões e, em troca, o governo encampa o negócio. Que diálogo, que audácia! Nossas autoridades se esforçam mas não chegam aos pés de seus colegas mais ao sul.<br />
<br />
<b>YPF</b><br />
<br />
Sem falar da YPF. Tomada dos espanhóis para assegurar a independência petrolífera nacional, acaba de dar à Chevron o direito de tocar seus investimentos. Confesso que essa parte não entendi bem. Perguntei a meus interlocutores, mas ninguém queria falar do assunto. Enfim. Não vamos nos imiscuir em assuntos internos.<br />
<br />
<b>Moreno</b><br />
<br />
No centro do grande diálogo argentino, brilha inconteste Guillermo Moreno, secretário da "Economia Interior", uma espécie de xerife da economia. Figuraça. É o sujeito que mais trabalha no governo. Uma de suas últimas sacadas: ameaçou fechar bancos caso eles não obriguem seus clientes a trazer dólares ao país. Disse que os enquadraria nas leis de proteção ao abastecimento. Não é genial?<br />
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<b>Exemplo</b><br />
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Nossos vizinhos continuam a ser um exemplo de independência, ousadia e criatividade. Pena que faltam no Brasil as condições políticas para a adoção do modelo que a Argentina vem aperfeiçoando.<br />
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Quem sabe é uma questão de dar tempo ao tempo?Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-37922634132803807392013-08-14T08:57:00.001-03:002013-08-14T21:35:56.051-03:00A Argentina não precisa mais crescerPara quem ainda não entendeu: a verdade é que a Argentina não precisa mais crescer. Suas políticas econômicas têm sido cuidadosamente desenhadas para impedir a expansão do PIB.<br />
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O argentino médio tem hoje uma renda digna: dez mil dólares e uns quebrados por ano. Chegaram lá graças aos Kirchners e ao modelo (e não, como dizem os invejosos, por causa das vendas de soja à China).<br />
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Tenho para mim (gostaria de ver estudos) que a diferença entre esse nível de renda e o de alguns países mais ricos vem de duas coisas: imperialismo e exibicionismo. Nenhum dos dois, graças a Deus, faz parte da índole do argentino.<br />
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São ricos por natureza, e com dignidade. Com a vida ganha, a nação argentina hoje se dedica, essencialmente, ao diálogo.<br />
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Exemplo: Sabendo que eu passaria por Buenos Aires, uma conhecida de São Paulo pediu-me que levasse um pequeno maço de dólares para uma amiga sua. Trocados no <i>blue</i>, dariam à moça um complemento de renda. Achei justo.<br />
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Encontrei-a na entrada da Galeria Pacífico: diálogo. Perguntou se eu não queria visitar o seu doleiro: diálogo. Conversamos sobre a taxa de câmbio em diferentes bairros: diálogo.<br />
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Nas lojas, em geral aceitam-se dólares. A que câmbio? Mais diálogo. Vi jovens brasileiros maravilhados: "Nossos dólares trazidos do Brasil, trocados no paralelo, compram o dobro de coisas! Quem paga por isso?"<br />
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Um rico dialogo!<br />
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-55622439233621936962013-08-14T08:56:00.002-03:002013-08-14T21:51:04.661-03:00O Dólar na ArgentinaEm audiência na semana passada em Buenos Aires, ouvi o próprio ministro da Economia, Hernán Lorenzino, repetir a revigorante frase que tinha lido pelos jornais: "Dou risadas sempre que vejo a cotação do dólar <i>blue</i>".<br />
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Fosse outro país, dir-se-ia tratar-se de um louco, ou de um criminoso. Afinal, quem deveria rir do dólar paralelo não são os brasileiros, pois graças à repressão cambial compram tudo pela metade do preço, à custa do trabalhador argentino?<br />
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Nada mais falso! A esmagadora maioria dos argentinos aprova o dólar oficial, disse-me um graduado funcionário do Indec, o venerável instituto nacional de estatísticas. "Porque?" perguntei. "Por que sabem que é o justo para todos."<br />
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Assim são os argentinos: autênticos, audazes. Eis porque lá se pratica uma política econômica que, em qualquer outro lugar, seria considerada tresloucada e já teria levado à queda do governo.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-18850828029823876362013-08-14T08:55:00.002-03:002013-08-14T10:30:25.007-03:00Argentina: questão de liderançaPaíses bem postos, há vários. Com líderes extraordinários, como a Argentina, são raríssimos. Desde Perón até o papa Francisco, passando pelos inigualáveis Kirchners e todos os que os rodeiam. Invejável.<br /><br />Tivéssemos no Brasil uma juventude como essa da Câmpora, já teríamos reduzido os bancos privados à insignificância que hoje eles representam na Argentina. Você acha que alguém se importaria? Só os próprios banqueiros e um punhado de comentaristas neoliberais (pagos pelos banqueiros). À Argentina não fazem falta os bancos.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-10049077978574677102013-08-14T08:53:00.001-03:002013-08-15T19:45:58.286-03:00Eleições na ArgentinaEstive na Argentina a pedido da presidenta, aproveitando as eleições de domingo para checar como andam os hermanos. Voltei entusiasmado. Devidamente autorizado, publico abaixo um extrato do relatório que preparei para o Planalto.<br />
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Vistos com isenção, os números favoreceram amplamente o kirchnerismo.<br />
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A imprensa golpista, claro, chamou de desastre os aliados de Cristina levarem 26% do total de votos, menos da metade de dois anos atrás. Na verdade, o resultado de domingo abriu uma oportunidade de diálogo entre Cristina e o povo. Como se sabe, o povo não se entende com a oposição, o diálogo é truncado.<br />
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As urnas mandaram um recado: é hora de fazer pequenos ajustes, energizar a militância e seguir, confiantes, rumo às eleições de outubro. Não há nada a temer.<br />
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Muito parecido com o recado das ruas aqui no Brasil: Dilma e Lula, obrigado por tudo. Por favor, continuem lutando para que a gente possa ter ainda mais.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-5077285986606034152013-08-14T08:44:00.003-03:002013-08-14T10:31:30.945-03:00Argentina, país da imprensa livre<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Não é segredo a má vontade da imprensa tradicional com a Argentina. Só sai notícia ruim, muitas vezes em tom desrespeitoso. Com poucas exceções. Entre elas a Mídia Ninja, arejada e independente: nunca escreveu uma linha amarga sobre o país vizinho. Chama-se isenção, senhores.<br /><br />Ao contrário do Brasil, na Argentina a liberdade de imprensa é um valor sagrado. Salvo por uma minoria intolerante (e cada vez mais irrelevante), os jornais são livres para interpretar os fatos com independência, sem se preocupar nem com a verdade (o que é a verdade?), nem com seu sustento. O Estado cuida dos veículos afinados com os interesses país.<br /><br />A isso se dá o nome de responsabilidade pública.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7810198927277421205.post-83952221353569628702013-08-14T08:42:00.000-03:002013-08-14T10:32:42.832-03:00Dilma explica o Brasil a FranciscoOs neoliberais espernearam, como sempre. Estão no seu papel: afinal ninguém vai esperar que a oposição elogie a presidenta faltando pouco mais de um ano para as eleições – mesmo quando ela merece, como tem sido comum.<br /><br />De minha parte, fiquei emocionado com a presença do Santo Padre no Brasil. Foi sua primeira viagem ao exterior. Quer prova maior do protagonismo do Brasil no plano internacional?<a name='more'></a><br /><br />E considerei muito apropriado que a presidenta aproveitasse o seu discurso de boas-vindas para elogiar os dez anos de governo petista. Reclame o quanto quiser: foi da mais absoluta pertinência.<br /><br />Primeiro, porque a omissão poderia deixar no sumo argentino a impressão de que os governos anteriores ligavam para os pobres. Em temas de Estado não se pode deixar dúvida (como no caso da inspeção de um avião da FAB por cães bolivianos). Dilma foi ao ponto: Lula inaugurou no Brasil a atenção aos pobres. O resto é ruído. Francisco concordou com a cabeça.<br /><br />Além disso, há tudo o que Francisco representa: um homem bom e acolhedor. Na presença dele, todos somos o que somos. Dilma estava precisando disso.<br /><br />Quem participa de reuniões no Planalto sabe que, no dia a dia, a presidenta amiúde finge ser o que não é. Eu mesmo já a vi destratar ministros, xingar subordinados, voltar atrás no que disse ou abandonar uma convicção que defendera com força na véspera. Tudo isso ela faz pelo cargo, a contragosto. Já com Francisco, colocou-se bem à vontade.<br /><br />Meu único reparo foi ela suprimir as lágrimas que quase lhe cobriram os olhos, bem na hora em que o sumo pontífice disse que Jesus “bota fé na juventude”. Dilma deve ter se lembrado de como, nos seus anos dourados, via no papa um portador do ópio do povo (entre outros apodos jocosos). Isso passou: hoje, Dilma é uma cristã pragmática, ainda que discreta.<br /><br />A corja oposicionista cismou até com o fato de a presidenta ter cantado o Hino Nacional. Lembraram de uma lei de 1971 que diz o que fazer nessas horas – cantar não é uma delas.<br /><br />É de matar de rir. Querem que a presidenta siga cegamente uma lei, em vez usar seu discernimento para adaptá-la às circunstâncias. Morreu alguém quando a presidenta cantou o hino? Não.<br /><br />Não é de hoje. Temos visto Dilma adaptar leis às circunstâncias, sempre com sabedoria e espírito público. Veja a meta de inflação. Os neoliberais dizem que ela é 4,5%, e que tudo acima desse valor existe apenas para acomodar surpresas.<br /><br />É de uma má vontade patológica. Qualquer número abaixo de 6,5% pertence à meta, sim. E significa cumpri-la, sim. Estou dizendo algo extraordinário?<br /><br />E olha que não estou tão seguro de que o país se sairia mal com uma inflação um pouco mais alta, digamos uns 10%. A própria presidenta já me confidenciou ter essa dúvida, embora não se atreva a externá-la.<br /><br />Enfim, é preciso seriedade: nesse tema, não importa a opinião da presidente. Os tais “agentes econômicos” querem inflação dentro da meta, e aí ela está. O que mais querem? Gosto muito desse Tombini. Sujeito ponderado e pragmático.<br /><br />Outro caso curioso é o da política fiscal. Temos visto avanços históricos no sentido de assegurar que o gasto continue a crescer e os empréstimos dos bancos públicos a fluir, sem que isso gere qualquer prejuízo para a meta fiscal, mesmo em tempos de arrecadação magra.<br /><br />Muito disso devemos ao Arno, um cérebro equipadíssimo que soube romper com o marasmo da gestão rasteira e neoliberal. Devemos também ao Guido, sempre pronto a acolher ideias novas sem pestanejar. E principalmente a Dilma, que tudo avaliza.<br /><br />Queriam o que? Que a presidenta seguisse cegamente um livro de contabilidade e permitisse que o investimento caísse? É muita ingenuidade!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/13187792523686605385noreply@blogger.com2