quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Dilma explica o Brasil a Francisco

Os neoliberais espernearam, como sempre. Estão no seu papel: afinal ninguém vai esperar que a oposição elogie a presidenta faltando pouco mais de um ano para as eleições – mesmo quando ela merece, como tem sido comum.

De minha parte, fiquei emocionado com a presença do Santo Padre no Brasil. Foi sua primeira viagem ao exterior. Quer prova maior do protagonismo do Brasil no plano internacional?

E considerei muito apropriado que a presidenta aproveitasse o seu discurso de boas-vindas para elogiar os dez anos de governo petista. Reclame o quanto quiser: foi da mais absoluta pertinência.

Primeiro, porque a omissão poderia deixar no sumo argentino a impressão de que os governos anteriores ligavam para os pobres. Em temas de Estado não se pode deixar dúvida (como no caso da inspeção de um avião da FAB por cães bolivianos). Dilma foi ao ponto: Lula inaugurou no Brasil a atenção aos pobres. O resto é ruído. Francisco concordou com a cabeça.

Além disso, há tudo o que Francisco representa: um homem bom e acolhedor. Na presença dele, todos somos o que somos. Dilma estava precisando disso.

Quem participa de reuniões no Planalto sabe que, no dia a dia, a presidenta amiúde finge ser o que não é. Eu mesmo já a vi destratar ministros, xingar subordinados, voltar atrás no que disse ou abandonar uma convicção que defendera com força na véspera. Tudo isso ela faz pelo cargo, a contragosto. Já com Francisco, colocou-se bem à vontade.

Meu único reparo foi ela suprimir as lágrimas que quase lhe cobriram os olhos, bem na hora em que o sumo pontífice disse que Jesus “bota fé na juventude”. Dilma deve ter se lembrado de como, nos seus anos dourados, via no papa um portador do ópio do povo (entre outros apodos jocosos). Isso passou: hoje, Dilma é uma cristã pragmática, ainda que discreta.

A corja oposicionista cismou até com o fato de a presidenta ter cantado o Hino Nacional. Lembraram de uma lei de 1971 que diz o que fazer nessas horas – cantar não é uma delas.

É de matar de rir. Querem que a presidenta siga cegamente uma lei, em vez usar seu discernimento para adaptá-la às circunstâncias. Morreu alguém quando a presidenta cantou o hino? Não.

Não é de hoje. Temos visto Dilma adaptar leis às circunstâncias, sempre com sabedoria e espírito público. Veja a meta de inflação. Os neoliberais dizem que ela é 4,5%, e que tudo acima desse valor existe apenas para acomodar surpresas.

É de uma má vontade patológica. Qualquer número abaixo de 6,5% pertence à meta, sim. E significa cumpri-la, sim. Estou dizendo algo extraordinário?

E olha que não estou tão seguro de que o país se sairia mal com uma inflação um pouco mais alta, digamos uns 10%. A própria presidenta já me confidenciou ter essa dúvida, embora não se atreva a externá-la.

Enfim, é preciso seriedade: nesse tema, não importa a opinião da presidente. Os tais “agentes econômicos” querem inflação dentro da meta, e aí ela está. O que mais querem? Gosto muito desse Tombini. Sujeito ponderado e pragmático.

Outro caso curioso é o da política fiscal. Temos visto avanços históricos no sentido de assegurar que o gasto continue a crescer e os empréstimos dos bancos públicos a fluir, sem que isso gere qualquer prejuízo para a meta fiscal, mesmo em tempos de arrecadação magra.

Muito disso devemos ao Arno, um cérebro equipadíssimo que soube romper com o marasmo da gestão rasteira e neoliberal. Devemos também ao Guido, sempre pronto a acolher ideias novas sem pestanejar. E principalmente a Dilma, que tudo avaliza.

Queriam o que? Que a presidenta seguisse cegamente um livro de contabilidade e permitisse que o investimento caísse? É muita ingenuidade!

2 comentários:

  1. ¯\_(ツ)_/¯
    2017: a todos do blog, que fiquem atentos à picaretagem em 2017 & que vossas mentes permaneçam rápidas perante ao ilusionismo do PT.
    Um sublime 2017!

    Viva 2016!

    Em 2016 houve fato fabuloso sim, apesar de Vanessa Grazziotin falar que não, dessa forma equivocada assim:
    “O ano de 2016 é, sem dúvida, daqueles que dificilmente será esquecido. Ficará marcado na história pelos acontecimentos negativos ocorridos no Brasil e no mundo. Esse é o sentimento das pessoas”, diz Grazziotin.

    Mas, por outro lado, nem que seja apenas 1 fato positivo houve sim! É claro! Mesmo que seja, somente e só, um ato notável, de êxito. Extraordinário. Onde a sociedade se mostrou. Divino. Que ficará na história para sempre, para o início de um horizonte progressista do Brasil, na vida cultural, na artística, na esfera política, e na econômica.

    Que jamais será esquecido tal nascer dos anos a partir de 2016, apontando para frente. Ano em orientação à alta-cultura. Acontecimento esse verdadeiramente um marco histórico prodigioso. Tal ação acorrida em 2016 ocasionou o triunfo sobre a incompetência. Incrementando sim o Brasil em direção a modernidade, a reformas e mudanças positivas e progressistas. Enfim: admirável.

    Qual foi, afinal, essa ação sui-generis?
    Tal fato luminoso foi o:

    — «Tchau querida!»*

    [ (*) a «Coração Valente©» do João Santana; criada, estimulada e consumida. Uma espécie de Danoninho© ‘vale por um bifinho’. ATENÇÃO: eu disse Jo-ã-o SAN-TA-NA].

    Eis aí um momento progressista, no ano de 2016. Sem PeTê. Sem baranguice. Sem política kitsch.

    A volta de decoro ao Brasil. Basta de porralouquice.

    Feliz 2017 a todos.

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